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quinta-feira, 13 de maio de 2010

diquinhas


Recebi esta manhã duas mensagens de gente bacana que passeia por esta cozinha (que sorte a minha!) e também li um comentário postado sobre o festival de chuchu, daí me ocorreu partilhar três diquinhas das boas:
1 – ainda sobre chuchu: gozada essa coisa de o termo servir para referir o que é totalmente sem gosto, ofensivamente mesmo, tipo “aquele cara de picolé de chuchu...” ou coisas fofinhas, queridas, tipo “ela é mesmo um chuchu, não é?”. Mas vá lá, sobre o chuchu na sua categoria leguminosa, sempre nutritivo, há três outros modos de comê-lo deliciando-se:
  • o chuchu ralado refogado no alho é muito bom pra engrossar molhos de tomate, basta acrescentá-lo, depois de refogado (se possível, deixe pra salgar depois), no molho caseiro ou no purê de tomate pronto e deixar em fogo baixo por uns trinta minutos. Dá pra acrescentar um cheiro verde fresco, um alecrim ou os temperos de sua preferência para molhos. Se houver quem implique com chuchu na casa, nem conte que tem chuchu no molho, e use-o pra fazer tudo o que faria habitualmente – todo mundo sai ganhando, inclusive o molho!


  • também dá pra usar chuchu ralado no cozimento do arroz, de qualquer tipo de arroz: óleo na panela, cebola ou alho refogados, chuchu ralado, mexidinha geral, um pouco de tampa, depois o arroz, a água, outros temperos habituais, se houver, e pronto – é aguardar o tempo habitual de cozimento.

  • com pinhão. Sim, esta mistura é dos deuses! O mesmo bom chuchu ralado refogado no alho daquele jeitinho lá e, no final, acrescentam-se um tequinho de manteiga (uso ghee) e rodelinhas de pinhão – que já terá sido cozido e descascado, claro. (Soube ontem que já existem por aí, à venda para qualquer mortal, descascadores de pinhão, viva!)
 
 2 – sobre gordura de frituras empesteando o ar: se você espreme um limão (tipo tahiti) com bastante suco numa tigelinha de boca larga e deixa ao lado do fogão logo após a fritura (do que quer que seja), acontece uma coisa mágica: o cheiro pesado de gordura vai se dissipando e, no fim da refeição, já não vai parecer que ali na cozinha houve disso. Pode deixar até o dia seguinte, pra garantir. É incrível o efeito.
 3 – sobre aspargos (esta aprendi com minha mãe ontem, que aprendeu com uma amiga anteontem): cozinhe os aspargos em fogo baixo, baixo, numa leiteira, com as pontinhas viradas pra cima e água só até pouco mais que a metade deles. Ficarão macios, com a cor bem viva e perderão o mínimo de nutrientes nesse processo.
Detalhe: ponha os aspargos na água quando ela já estiver quente. Cozer desde a água fria é bom só no caso dos vegetais que nascem debaixo da terra, sabia?
Dia destes conto o que aprendi a fazer com aspargos, que, em geral, são bem mais considerados do que os chuchus, mas também são tão incompreendidos...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

chuchu assim e assado


Ontem, quando nos sentamos à mesa, alguém comentou: “nossa, mas é o festival do chuchu!”. De certo modo era uma reclamação, mas eu não liguei muito, sei dos cacoetes que todos temos, e que alguns têm o cacoete de reclamar, pequenas reclamaçõezinhas, bufadas ao longo do dia, piadinhas em forma de praguejamentos... 

Há quem veja esses xinguinhos como inofensivos, mas eu tendo a achar que não fazem bem, não; parece que vai acontecendo um efeito “mântrico”: evoca-se, a cada pequena praga rogada, um certo espírito, um certo clima, um certo modo de habitar o mundo, e acho mesmo que isso vai dar numa espécie de sintonia com o que vibra aí, no lugar do desgosto, do desconforto, do mau humor...

Mas, enfim, o que importa aqui é dizer que, estando a gente de bom humor, é deixar esse tom ecoar pela cozinha sem lhe dar força: não repliquei, não comentei e gostaria de dizer que ignorei... torço pra chegar a fazê-lo um dia.

Em todo caso, a meu favor há o próprio chuchu. Trata-se de um alimento riquíssimo, relativamente abundante e barato, cheio de potássio, vitamina A e C, cujos brotos têm também vitamina B, cálcio, fósforo, ferro... e por aí vai. E se alguém acha que o chuchu é sem gosto e prefere tomar isotônicos de grife pra repor os sais minerais, é porque não soube preparar esse fruto – o que pode ser bem fácil.

Aqui vai o chuchu assim

Pra fazer rapidinho e comer com arroz, feijão e uma bela salada: depois de superbem lavado e de retiradas aquelas partezinhas da casca que espetam (nem todos têm disso), rale o chuchu inteiro no maior buraquinho do ralador, pingue uma pimentinha de cheiro nele ralado e misture, pra ir “pegando”, reserve.

Numa frigideira, verta um fio de óleo suficiente pra “lavar” toda sua extensão, mas sem fazer pocinha. Aqueça em fogo médio um pouquinho e jogue alho – uns 2 ou 3 dentes médios: picado em quadradinhos mínimos-ínimos, bem esmagados ou em flocos, de modo que se espalhem sobre o forro de óleo.

O alho logo vai dourar – é bem rápido mesmo! Aí é hora de jogar o chuchu ralado e, com uma espátula, revolver bem essa mistura, tampar por uns dois minutinhos em fogo baixo, depois deixar cozendo sem tampa, com uma pitada de sal e nova remexida geral. Assim que os fiapos de chuchu ficarem transparentes – o que é bem rápido! – está pronto. Bom demais, e não leva nem dez minutos.

Como vieram muitos chuchus na semana passada, fiz esse refogado de novo noutro dia, só que acrescentei quadrados grandes de tomate (sem semente) e de cebola e, ao juntar o refogado com o macarrão (um fusilli de massa integral), usei uma colher de sopa de ghee (manteiga clarificada, lembra?). Una pasta naturebba - delícia!

E aqui vai o chuchu assado

No liquidificador, nesta ordem:

• 1 chuchu grande (bem lavado e sem as partes espetadinhas da casca, e valem também os brotos, os talos, tudo o mais)
• 1 cebola média
• 1 colher de sopa bem cheia de farinha de trigo branca
• meio copo de leite (uso desnatado em pó)
• um pouco de sal
• noz moscada ralada (eu uso bastante, adoro)

bate-se um pouco

• se tiver cebolinha, mande ver (eu não tinha...)
• ½ colherinha de café de fermento em pó
• 2 ovos (de galinhas felizes!)

bate-se até ficar com aspecto homogêneo

• 4 tomates secos conservados em azeite

bate-se só um pouco, pra sobrarem pedacinhos do tomate seco, que tem um sabor bem marcante.

Numa forma refratária levemente untada:

• ponha cubinhos de queijo branco espalhados no fundo
• depois a massa (que fica mais pra líquida mesmo), distribuída suavemente, em movimentos de vai-e-vem.

Por cima, um pouco de queijo ralado (usei padrão com pouco sal, mas vale qualquer um, conforme o gosto do freguês).

20 minutos de forno médio (dou uma aumentada no finalzinho do processo, pra fazer casquinha, porque aqui em casa isso faz o maior sucesso).

Falando sério: reclamar do “festival de chuchu”?! Esse povo devia era cantar e dançar em regozijo, não é não?!