Uau, fiquei muitos dias longe da minha cozinha: trabalho alhures, bastante! E que sensação gozada tem isso, um certo compasso de espera, uma pausa longa aguardando o ataque da nota que sabidamente virá – mas não chega; é como se estivesse esperando uma pessoa querida que se atrasa sem notícias...
Enfim, de volta, quero falar do que aprendi nessas andanças por aí. Banal e utilíssimo: hidratar-se sempre. Estive em lugares quentíssimos, íssimos. E sei que por aqui tudo andou também bem quente e ressecativo, até perdi minha capuchinha e boa parte de minha melissa, porque não houve quem desse conta das tadinhas, que sucumbiram aos seguidos dias de alta temperatura e, segundo se disse na grande mídia, dias que incluíram um recorde de radiação solar, parece...
O fato é que hidratar-se não significa se encher de água. Tomar um monte de água (e aí conta também que água é essa, né?) pode significar apenas lavar-se por dentro, digamos, inclusive perdendo alguns sais e outros elementos que fariam melhor se ficassem mais no corpo. A alimentação ayurvédica fala bastante nisso.
Só que muitas avós também falavam, e ainda os budistas chineses desde há muito, e as culturas árabes que estão intimamente ligadas a climas desérticos. Detalhe: manter-se hidratado, em todos esses casos, também supõe cuidar da moleira, essa “abertura” que os bebês têm na parte superior da caixa craniana. Por isso chapéus, turbantes, sombrinhas... É uma loucura a gente se expor tão desabridamente a certas quantidades de sol e calor.
Outra coisa: o sono. Faz parte de manter-se hidratado dormir direito e, ao acordar, consumir algum líquido, um pouco de água ou suco (de preferência ao natural, não gelado), porque a atividade noturna também exige de nosso metabolismo. Dependendo do que comemos no dia anterior, então!
Pois vem de longa data e de muitos lugares e povos o hábito que encontrei na casa de uma amiga, que a vida toda fez isto: chá gelado. Mas o barato é fazer de monte e deixar gelando. Não dá pra fazer um chá na hora da vontade e esperar que todo o processo aconteça, certo?
Estou reutilizando garrafas de suco de uva, que são de litro e meio e vêm com uma boa tampa de rosca. Faço um panelão de chá, deixo esfriar, coo, engarrafo, e geladeira nele. E todo mundo fica tão feliz quando abre a geladeira e lá está o tal do chá: tinindo de refrescante!
É isso mesmo, simplinho demais.
Porém, quatro observações me parecem cruciais:
1- nunca deixar as folhas do chá cozendo na água fervente (tipo: fui fazer outra coisa e esqueci – perdem-se muitos valores e teores nesse esquecimento); depois que a água ferver, ou mesmo antes, quando estiver quentíssima mas ainda sem borbulhar, desliga-se o fogo e deixa-se que as folhinhas descansem sobre a água, panela semi-tampada ou com um paninho bem fino abafando;
2- é preciso coar ou filtrar: as folhinhas e capins têm microestruturas que podem se alojar em mucosas, por exemplo, causando problemas futuros: usar um coador de pano é simples e barato;
3- pode-se usar chá de saquinho, claro, alguns são excelentes (como os da Weleda, por exemplo), mas acho que o grande lance é usar aquelas folhinhas que você secou porque ganhou de alguém, porque foi ao mercadão comprar e trouxe grande quantidade, ou que moram ali no quintal. Nada se compara a esse frescor dos alimentos in natura;
4- é preciso variar o sabor do chá: não só porque é mais gostosinho e ninguém enjoa (ainda mais a criançada, que às vezes se sai com essa, de enjoar da mesma coisa “toda hora”...), é que, além de ser boa a surpresa de cada aroma ao longo da semana quente, tomar demais de um mesmo tipo de chá pode ser descompensador, desbalanceador: muito das mesmas substâncias no organismo... Lembremos que a variedade é tudo de bom! São os fractais que fazem o uno, não é? Ou, se se preferir, o uno é feito de fractais.
Os meus favoritos: chá mate (com ou sem limão), chá de limão, de laranja ou de maçã (feitos com as cascas das frutas), chá de canela (com cravo ou noz moscada ralada), erva-doce, erva cidreira, hortelã. Mas isso é só o meu primeiro time. O mundo dos chás é vastíssimo, e conhecer um pouco das ervas antes de usá-las pode ser o segredo do sucesso. Tim-tim!
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