sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

molho de laranja


Estou longe da minha cozinha estes dias, mas, por causa da sugestão que dei pra acompanhar os palitos de gengibre que aprendi com a Luciana de outra cozinha, ela acabou me escrevendo: quer saber que molho de laranja é esse que eu sugeria como alternativa ao shoyo.

Pois eu vou contar qual é a do molho, mas duas coisas devem ser ditas antes: 1. adoro shoyo e acho que, sem abuso, ele é um ingrediente precioso no dia a dia, pra muito além de “pratos orientais”; 2. há molhos de laranja famosíssimos por aí, o meu é uma coisinha mais simples, coisa de aproveitar lá e cá os legumes inteiros, as cascas, o que tem na geladeira, ou seja, coisa da “cozinha verdade” ou, como diz o Paulo de Oliveira, do Larica Total, da “verdadeira culinária de guerrilha” (trabalhando com o que tem na geladeira, com os utensílios disponíveis e com o tempo que nos é possível).

Então, é o seguinte:

o básico

- uma bela cebola cortada em filetes fininhos

- um bom azeite de oliva (não extravirgem, porque vamos cozinhar bastante tempo, então é melhor usar daqueles azeites próprios para essas temperaturas mais altas)

- meio litro de suco de laranja, ou mais, à vontade

- as cascas das laranjas raladas (raspadas, na verdade)

- dois tomates sem pele (se der) e sem semente (necessariamente)

- uma colheirinha de café de sal (que a gente só acrescenta lá pro fim, certo?)

Refogam-se os filetinhos de cebola até dourarem ligeiramente, acrescentam-se o suco de laranja, as raspas e o que vai dar corpo ao molho.

E o que vai dar corpo ao molho?

Há ingredientes clássicos: maizena (e aí a quantidade é um teste, porque tem que cuidar de não empelotar, etc.); creme de leite (que pode ser do fresco, 100 gramas, mais ou menos); sagu (que eu acho delicioso, mas nem todo mundo aprecia essa textura tão específica).

Há os truques bacanas: cenouras processadas (ou raladas e cozidas até perderem a forma, até virarem um creme denso – no processador, preservam-se nutrientes); miolo de abobrinha (este eu acho que é o encorpador campeão, pega gosto de tudo que se põe junto, basta amassar bem com um garfo, cru mesmo, e pôr na receita – sempre que faço canoas de abobrinha, guardo o miolo na geladeira pra essa função); e farinha de aveia (farinha mesmo, não flocos).

Há quem ponha licor de laranja em vez das raspas.
Há quem ponha também um pouco de vinho branco. Fica divino.

Tudo isso numa panela de fundo mais grosso vai cozinhar em fogo brando brando, até o molho reduzir quase à metade do volume inicial. Mexe-se de vez em quando, pra não pegar no fundo. Se se quiser garantir um molho sem pedacinho de nada, pode-se coar numa peneira grande, no final. Eu não coo, porque fica tudo muito cozidinho, quase homogêneo, acho gostoso.

Facinho, né? Se não se usar creme de leite e maizena, ele dura até uns quatro ou cinco dias na geladeira. Às vezes rego as saladas, ou um arroz sete grãos. Vê se não fica bom isso!? Só pode.

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