Havia, ainda, uma couve-flor, só 3 ovos, um pedaço de queijo padrão bem macio, maturado que só. De fresco, nada além de tomate e salsinha (linda, aliás; firme e forte como ninguém mais por ali - tem a ver com o modo de lavar, deixar secar e guardar na geladeira dentro de um pote bom, que não a machuque). Então era isso.
Fiz um arroz integral com vermelho – que fica ligeiramente umedecido, faz parte dos arrozes que confortam (há os que desafiam, tipo arroz preto, selvagem, arbóreo...). No tempero: cebola frita em metades num fio de óleo, salsinha, um tico de sal no final do cozimento (sempre que possível, o sal deve ir no final do processo: usa-se menos quantidade, porque nada se perde “do gosto” dele, e se preserva o iodo, tão importante pra nós).
Finalmente, as cenouras, razão de tudo isso. Tirei raízes e folhas, limpei mais uma vez, aproveitando ao máximo a casquinha (antes de ir pra geladeira, elas foram bem lavadas, ficaram de molho no hipoclorito de sódio e tudo, embora não tenham sido cortadas – porque assim duram mais), joguei tudo no liquidificador, um punhado bom de salsinha, uma colher de café de sal, meio copo de leite (uso desnatado, em pó), os 3 ovos que havia, uma cebola média, 2 dentes de alho refogados na manteiga, daquele jeitinho de que já falei, um pouco de noz-moscada ralada na hora, um fio de azeite.
Enquanto isso bate bem-bem-bem, rala-se o queijo. Do queijo ralado, um punhadinho pequeno foi pro liquidificador, o mais serviu de cobertura. Bati quase um minuto, acho.
Numa forma refratária, derramei o denso creme laranja-esverdeado; por cima dele, distribuí o tal do queijo.
20 minutos de forno à temperatura média pra alta e pronto: eis uma “tortinha” de cenouras, todas elas salvas da gaveta bem na hora!
Dois comentários reveladores aconteceram nesse almoço feito em 50 minutos: um carnívoro de plantão que baixou por aqui hoje ficou dizendo “quem bom, que bom, nem precisa de mais nada” (um pouco com aquela cara típica de quem só come carne e nem imagina como é não comer); o outro vinha de quem tinha passado mal ontem, com exageros gastronômicos, espumantes variados e que-tais, e dizia “não conseguia comer nada, tava embrulhado... mas isso aqui tá muito gostoso, leve, recompõe”.
Gregos e troianos estavam assim na minha cozinha hoje, próximos, deleitosos, convergentes. E lá fora chovia, ainda agora chove... chove de fazer dó.
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