Ah, a princípio, nada demais: bananas, que abundam e são o máximo; castanhas-do-pará, que felizmente também têm circulado muito, com uma organização cada vez maior dos trabalhadores castanheiros – o que faz a castanha chegar bem até nós, que estamos enfiados numa metrópole. Já ouviu as canções de trabalho das quebradeiras de coco?
Muitos coletivos, de mulheres sobretudo, que descascam as castanhas-do-pará cantam enquanto trabalham; frequentemente eu tenho a sensação de ter comido uma castanha encantada! Daí logo penso: “que Deus abençoe quem a encantou!”
Bem, a receita:
· antes de mais nada, deixe muitas ameixas secas descaroçadas mergulhadas em água de laranjeira, enquanto faz o resto;
· corte em pedacinhos miúdos muitas bananas, quantas quiser e do tipo que quiser – algumas soltam mais água, outras são mais durinhas, não importa, vai ficar bom, com as diferenças de textura características de cada tipo de banana;
· cubra o fundo de uma travessa com os pedacinhos, pode ser em camadas se forem muitas bananas;
· regue tudo com um bom mel – eu gosto de usar silvestre pra fazer doce, mas de laranjeira vai bem também nesta receita;
· polvilhe um pouco (um pouco!) de canela – se for ralada na hora, faz a maior diferença! É outro aroma;
· leve ao forno médio por 10 minutos no máximo;
· enquanto isso, bote um monte de castanha-do-pará pra moer num processador, ou num liquidificador que aguente o tranco;
· no finzinho da moagem, acrescente uma pitada de sal marinho e acabe de moer – não precisa ser hiperfino, não;
· tire da geladeira os dois ou três potinhos de iogurte natural (tenho usado o de consistência firme, mas o caseiro é que é mesmo campeão!), rale um pouco da canela e acrescente um generoso fio de mel, misture gentilmente, pra preservar a textura do iogurte, guarde a mistura na geladeira;
· tire a banana do forno e logo acrescente as ameixas embebidas na água de laranjeira, misturando tudo com vagar;
· deixe esfriar com um paninho fino por cima, pra evitar bichinhos, etc.;
· dê uma suave amassadinha geral nas bananas e ameixas, com um garfo, sem força, só pra provocar uma ligazinha;
· jogue um pouco da farofa de castanha-do-pará por cima de toda essa mistura;
· jogue, em seguida, o iogurte, fazendo uma nova camada por cima de tudo;
· finalize com o resto da farofa de castanha sobre o iogurte;
· ponha pra gelar pelo menos 1h antes de servir.
Desta vez não deu tempo nem de tirar a foto: comeram tudo na hora!
É um doce pouco doce, muito nutritivo, excelente para repor energias depois de práticas esportivas ou da labuta que envolve esforço físico. E podemos variar usando outras castanhas, uma mistura delas...
Em todo caso, se o espírito for outro, dá pra derreter uma barra de chocolate meio-amargo e jogar por cima do iogurte, depois da 1 hora de geladeira, e deixar um pouco de farofa de castanha pra pôr por cima dessa nova camada.
Ó, sério: é bom demais!
Em todo caso, se o espírito for outro, dá pra derreter uma barra de chocolate meio-amargo e jogar por cima do iogurte, depois da 1 hora de geladeira, e deixar um pouco de farofa de castanha pra pôr por cima dessa nova camada.
Ó, sério: é bom demais!
Luciana, Luciana... desta vez, além de me emocionar, vc me fez salivar. Ô farofa-fa-fa mais delicada. Encantada.
ResponderExcluirO que diria Linnaeus após a leitura desse texto ? Provavelmente, algo do tipo: "Só podia ser a Musa Paradisíaca".
ResponderExcluirA classificação de Linnaeus para a banana faz jus à todas as delícias por ela inspiradas. Ainda mais, sob suas influencias, Luciana.
Acabamos de fazer essa deliciosa receita. Com algumas alterações, as castanhas-do-pará foram substituídas por castanhas de cajú e a delicada água de laranjeira por um licor, pouco, para não alterar muito a proposta. Ficou indescritível de boa.
Só mesmo suas postagens são capazes de traduzir com maestria essas sensações. Na sua cozinha e nas suas postagens, as transformações físico-químicas dos três elementos, textura, sabor (indissociável do cheiro) e visualidade se encontram com um componente inesperado, a alta literatura.
Eu vim, hoje, procurar uma receita de doce de banana. E fiquei tomada pelo encanto dos pensamentos e divagaçoes, de uma cronista. Além de nos ensinar a fazer um doce, nos faz faz acompanhá-la na singeleza com que fala das coisas mundo!
ResponderExcluirE não se enganem, é também uma garota de atitude!
Eu vim, hoje, procurar uma receita de doce de banana. Encontrei uma cronista, falando de uma maneira tão singela e tocante das coisas do dia a dia, de castanhas encantadas, dos aromas, da texturas, dos sabores de cada ingrediente, que compõe este doce digno dos Deuses.
ResponderExcluirComo não tenho todos os ingredientes, não vou me atrever a mudar a receita. Fui tocada pelo encanto das suas divagações...