segunda-feira, 1 de março de 2010

cuca quase pudim


Ai que delícia esta língua portuguesa falada no Brasil: cuca quase pudim soa como uma língua africana, mas também parece tupi guarani, parece também um verso de samba, ou um pedaço de parlenda... Cuca quase pudim!
Muito frequentemente, estrangeiros que não sabem nada nada de português comentam que nós brasileiros parecemos cantar, tão cadenciados que somos no jeito de produzir as vogais bem abertas (com as variações regionais, claro), as pausas (que dão notícias de como respiramos – o que desemboca em toda uma postura física na relação com o ar que entra e sai de nossos corpos)... Bem, isso de olhar de perto o funcionamento de uma língua vai longe, bem sabemos, porque uma língua não é só uma grafia (um código de representação), nem é só um léxico (um conjunto de palavras que compõem regiões de vocabulário mais ou menos definidas), nem é só um arranjo sintático (as relações que uma construção frasal pode estabelecer, além de a própria construção frasal ter lá suas mobilidades gramaticais, também estão ligadas a um tom, que é, digamos, um modo de dizer, portanto estão diretamente ligadas a uma série de crenças e valores...). Vai longe, né?
Por ora, com esse sambinha de fundo – cu-ca-qua-se-pu-dim –, sigo à receita, baseada na que me foi enviada por um amigo frequentador do simpático site de Carla Duclos: o Entre Panelas – receitas, gastronomia e nutrição.
Trata-se de uma cuca sem farinha, como a farofa do sábado.

a cuca
2 ou 3 bananas não muito grandes
1 xícara de aveia em flocos
½ xícara de óleo (uso de arroz ou de girassol)
Bate-se isso no liquidificador até formar uma massa homogênea, e acrescentam-se:
2 ovos (de galinhas felizes, claro!) 
Bate-se um pouco só, e acrescentam-se:

1 xícara de açúcar mascavo (faz diferença usar dos mais “terrosos”, adoçam menos)
½ xícara de castanha-do-pará
1 farta colher de chá de fermento em pó
Bate-se em velocidade menor do que a anterior, e acrescentam-se, de preferência enquanto a massa vai batendo:
-       um pouco de mel
-       um pouco de canela em pó
Isso tudo vai parar numa forma untada com óleo ou manteiga e castanha-do-pará esfarinhada. É o momento de incorporar uvas-passas claras, distribuídas pela massa suavemente com uma espátula.
Pra ficar com aquela carinha típica de cuca, pode-se pôr sobre a massa, já na forma, uma banana em tiras ou em pedaços e salpicar açúcar mascavo ou demerara, bem na horinha de ir ao forno.
Vai ficar mais ou menos 30 minutos em forno médio, sendo que ele estará preaquecido. 
Importante: como bem nos lembra a Carla Duclos em sua receita, não vai valer o teste do palito, porque é uma massa feita sobretudo de banana, ela ficará úmida mesmo depois de pronta. Então, na primeira vez que fizer, o tempo de forno será uma aposta. Pegue um bom livro ou uma revista ou um tricô e fique por perto, vigiando pra não queimar nem o fundo nem as bordas.

o pudim
Como não se usa farinha aí, ou se usa farinha de aveia, que é sempre meio flocadinha, essa receita permite trabalhar nas proporções entre ingredientes e, por exemplo, usar mais aveia e menos banana do que indicado acima, indo na direção dos bolos; ou usar menos aveia e mais banana, indo na direção dos pudins. Foi o que fiz anteontem: fica mais com cara de doce, pra uma sobremesa, por exemplo.
Usei 5 bananas pra uma xícara de aveia em flocos.
Aí, pra ficar com mais cara da família dos pudins, em vez das passas, usei ameixas descaroçadas, distribuídas no fundo da forma, antes de jogar a massa.
Acho que uma calda feita de mascavo e ameixas por cima ficaria o fino! Não fiz...
E também se pode usar outro tipo de castanha, ou vários tipos!
Em todo caso, do bolo ao pudim, essa cuca sem farinha combina muitíssimo com café da manhã ou café da tarde: alimenta sem pesar.
Pra criançada, é um repositor de energias e tanto. E também uma superboa pedida pra merenda. 

Pros adultos, bem, como tudo o mais, há que ter um certo cuidado com as quantidades ingeridas – é que fica tão gostosinha e digestiva essa cuca, que a gente vai indo, vai indo, de fatiazinha em fatiazinha... Mas ela tem lá suas calorias, né?  Não será mau evitar comer a cuca, assim como os pães em geral, depois do fim da tarde.
Cuca é comida do dia, é energética, revigorante, expansiva!

Um comentário:

  1. Oi Luciana,

    Que alegria ver o bolo de banana adapatado e publicado aqui. Muito Obrigada pelo link e indicação.

    Fico feliz que tenha gostado do Entre Panelas.

    Parabéns pelo seu blog.

    Beijos,

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