Não? Então faça – de bom ou de mau humor, vale a pena. Explico:
de bom humor – é um atividade lúdica, longa (vai tarde afora...), relaxante, cheia de expectativas divertidas pra hora de comer – geléias, mel, azeite, tomate, queijos, coalhada seca, manteiga... E você vai pensando nessas delícias enquanto ouve música, arruma um armário, lava um tapete, ou outra coisa que permita ir à massa de vez em quando para mais uma etapa do processo. Daí, a certa altura, tudo isso vai sendo tomado por um aroma único, aquele aroma de lar, meio ancestral... É bom demais o cheiro de um pão assando, não é?
Por isso gosto de fazer à tarde, começo lá pelas 14h com a sova, daí tem os períodos de descanso da massa; com as integrais, costumam ser 2 horas de descanso, uma nova mexida e mais 1 hora antes do forno. Resultado: bem naquela horinha do café da tarde, a casa é puro aroma de pão, e o pão é fresco, tenro... divino.
de mau humor – é uma atividade desestressante, especialmente porque a sova (que tem de ser das boas!) provoca uma movimentação no corpo que desanuvia, e a espera é recompositora, porque é mais ou menos solta, pois você fica horas fazendo, mas com operações intercaladas por intervalos em que cabem muitas outras atividades, e as que mais combinam são também atividades desanuviantes (embora seja possível sentar na frente do computador e mandar ver num trabalho que está no fio do prazo...).
O caso é que ontem à tarde fiz pão. E um amigo me dizia que nunca tinha tentado, nem sabia começar, que achava aquilo tudo um grande mistério. Olha, mistério sempre há, mas é preciso ir tomando contato com o fazer pão para descobri-lo e desvendá-lo, porque todas as massas caseiras variam muito conforme a umidade do dia, a luminosidade, os tipos de utensílio, os gestos com que amassamos, misturamos, batemos etc.
A gente ia conversando aqui na cozinha, e ele ia vendo que fazer pão é totalmente possível. E possivelmente desejável.
Se você pegar qualquer receita de pão, sovar bem, com vontade, e também respeitar os tempos de fermentação indicados para cada mistura de farinhas (e castanhas etc.), vai descobrir, já no segundo ou terceiro pão que fizer, qual é sua receita favorita, o seu jeitão de fazer.
E só procurar na internet ou em algum livro e seguir adiante. Ofereço aqui cinco receitas de pães integrais deliciosos que aprendi, mas há muito mais na rede, nas livrarias, nas histórias das avós e tias, nos caderninhos das mães, de vizinhos... O importante é enfrentar a primeira experiência, cheia de incertezas. Depois, quando você já tiver acompanhado todo um processo, saberá que fazer pão é uma alegria.
Há muitos meses venho consumindo pães da Morada da Floresta, que são mesmo coisa dos céus! Mas seus moradores estão curtindo um breve recesso, por isso resolvi fazer pão ontem. E ficou foi muito bom. Comemos com queijo padrão (que derrete um pouquinho sobre o pão... hummm) e suco de morango com amora, adoçado de leve, bem de leve, com um tico de mel.
Ah, sim, fiz também um cafezinho pra fechar.
À noite a cozinha ainda estava lá, toda café-e-pão. Lar, puro lar.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
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Em espanhol, curiosamente, o verbo sovar indica importunar, encher o saco de outro. De maneira que é possível "sobar" (com "b larga", como dizem, para diferenciar da "b corta", que é na verdade v)alguém até sua paciência se esgotar e dizer: "No me sobes mas!"
ResponderExcluirVoltando ao tema pão, que delícia! Esse pão com grãos é ótimo, mesmo. Esse seu, já digo que fiquei com muita vontade. Imagino uma manteguinha, um PJtinha... Aproveito e deixo uma dica. Uma receita de sucesso internacional... Abro a massa e coloco uma camada de queijo que derreta e outra de cebola caramelizada (bastante!), enrolo como um rocambole e mando pro forno. O queijo se funde com a cebola ! Fica bom...
Acabamos de fazer e ficou incrível. Escolhemos uma das receitas que você indicou, a de pão de centeio e adicionamos o que tínhamos em casa: aveia, ameixas, quinua, castanhas de cajú e mel.
ResponderExcluirRecomendo!