quinta-feira, 29 de abril de 2010

assados aromáticos



Ah, os amigos... Que outra coisa nesta vida é tão confortante?

Esses irmãos que escolhemos conforme as afinidades, os valores que vamos identificando como primeiros, os princípios que vamos elegendo como os que guiam nossa vida e, ainda por cima, acompanhados daquele calorzinho bom de estar partilhando o que mais importa, porque os caminhos se cruzaram, porque os encontros aconteceram...

Não imagino a vida sem isso. Será que há vida sem isso? Bem, na rede de afetos e carinhos que me mantém de pé, moram pessoas e bichos muito muito bacanas, às vezes até levo susto quando me dou conta de que gente tão admirável gosta de mim. Que boa sorte, meu deus!

Pois uma dessas pessoas, que, entre outras coisas boas que faz, toca o trabalho do GAAR, em Campinas - coisa bonita, importante e utilíssima, vejam lá -,  me mandou uma receitinha daquelas! Delícias fáceis de fazer, pra todo dia, no vai-da-valsa. Ei-la:

... é só cortar em cubos grandes abobrinha (umas 4 pequenas [sem agrotóxico são bem miúdas] - pode ser a italiana ou aquela outra que tem uma "cabecinha"), 1 cebola média em tiras grossas e um ou dois limões sicilianos em rodelas.
coloca numa forma, jogar bastante azeite (o suficiente para fazer uma pocinha bem rasa no fundo), uma choradinha de vinagre balsâmico, alecrim (um punhado) e alguma outra ervinha que vc avaliar que combina (coloquei salsinha desidratada), sal e forno médio por uns 40 minutos - uns 20 cobertos com papel alúmino e mais uns 20 para secar a água e dar uma "fritada-assada". o tempo de forno é meio no olhômetro, especialmente depois que tirar o papel alumínio.
menina, o limão siciliano fica incrível!

e se estiver no pique, fica tb muito bom beterraba assada.
pra isso, faz muita diferença descolar umas beterrabinhas pequenas (tb comprei sem agrotóxico - era do tamanho de um ovo pequeno). lava bem, com escovinha, pois o ideal é não descascar. e se tiver com aquele talo cabeludinho, pode deixar, fica tostadinho e delicioso.
coloca tb numa forma, rega com bastante azeite e vingare balsâmico (aqui, pode colocar bem mais vinagre do que na abobrinha), e coloca no forno. ah, e cebola em fatias grossas tb - de preferência, cebola roxa, que é mais doce.
primeiro, com papel alumínio- uns 30 minutos - e depois, tira o papel para deixar a água secar e dar aquela tostadinha.
muito bom tb!

ah, mais um detalhe: faz o suficiente para comer em dois dias no máximo. parece que a beterraba cozinha vai soltando um sei lá o que que não é muito bom. melhor comer logo.

Não deu água na boca?

Certamente dá pra fazer com outros legumes e outros temperos - alecrim é uma coisa supergostosa no forno, e também endro, gengibre em pó... Temperos (frescos ou desidratados) e forno é uma mistura que dá supercerto. Antiga como o quê.

O negócio é dar-se à experimentação. Muitos legumes pouco comidos (por "inércia cultural", muitas vezes...) podem passar a ser do dia a dia: hoje vou fazer isso aí com cará. Depois conto no que deu. Vou oferecer espinafres também - é que esta semana ganhei um maço lindo toda vida!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

DIA MUNDIAL ANTI VIVISSECÇÃO

Aconteceu neste domingo algo que julgo da maior importância!
Cito:

Os animais existem por suas próprias razões. Eles não foram feitos para servir aos humanos; assim como os negros não foram feitos para servir aos brancos ou as mulheres para servir aos homens”. (Alice Walker)


PROTESTO EM SÃO PAULO MARCA O DIA MUNDIAL ANTI VIVISSECÇÃO

Cerca de 150 ativistas se reuniram em São Paulo neste domingo (25), em uma manifestação pelo Dia Mundial Antivivissecção. O evento foi organizado pelo grupo Consciência Veg e teve apoio de diversas ONGs, como Holocausto Animal, Veddas, Instituto Nina Rosa, Ativeg, Anda, entre outras. Os manifestantes deram um exemplo de ativismo e união ao juntarem forças e vozes pela mesma causa.

Distribuídas nas calçadas da Avenida Paulista, gaiolas com ativistas simulavam o sofrimento pelo qual passam os animais usados como cobaias em laboratórios. Simultaneamente foram distribuídos panfletos entre os transeuntes que se mostravam interessados em entender a razão da manifestação.

Nas ruas os ativistas exibiam banners com mensagens pela abolição do uso de animais pela indústria e ciência.

Fabio Paiva, coordenador geral do grupo Holocausto Animal, adverte que o problema já começa com o termo “vivissecção”, que a maioria das pessoas desconhece. A vivissecção é o uso de animais vivos em laboratórios para criação, pesquisa, formulação de medicamentos, testes em cosméticos e uma infinidade de ‘utilidades’ sequer imaginadas pelos consumidores, realidade ocultada por interesses econômicos. Ele destaca a importância da transmissão da informação, por exemplo, do que está por trás de uma marca de sabão em pó, ou de um simples frasco de lustra-móveis, ou de um perfume: “Tudo que você puder imaginar foi testado em um animal, da maneira mais absurda possível. Uma delas é o teste de irritabilidade feito em coelhos, o Draize (um método cruel pelo qual coelhos são imobilizados e substâncias são aplicadas em seus olhos). Uma empresa que lança uma marca de lustra-móveis não precisa usar um coelho para mostrar que o produto não é toxico, isso é uma crueldade sem tamanho, totalmente inútil e desnecessária.”

O uso de animais para fins didáticos, em experimentos de laboratórios e em testes industriais é cruel, pois os procedimentos são realizados sem anestesia, o que provoca reações profundamente dolorosas e traumatizantes. Os animais, indefesos, são tratados como objetos durante sua curta vida, submetidos a todo tipo de tortura sem nenhuma possibilidade de reação.

Christian Saboia, coordenador do grupo Consciência Veg e organizador do evento, destacou que a vivissecção é absolutamente antiética e sabidamente desnecessária: “O vivisseccionista, pelo hábito de estar em uma universidade, tende a defender essa prática como um pré-requisito para a ciência. No entanto, as indústrias e instituições que não utilizam mais animais continuam produzindo bons trabalhos e fazendo ciência de ponta.”

Tamara Bauab, bióloga e ativista independente, lembra que a vivissecção vem da tradição seiscentista, da época de Descartes, quando se imaginava que os animais não sentissem nada, e não tivessem percepção nem sensibilidade. “Hoje em dia ainda praticamos isso, e não faz bem nenhum ao ser humano. Ninguém pensa em curar, este não é o propósito”. Denominando a indústria farmacêutica de “indústria da doença”, Tamara afirma que o ser humano torna-se dependente de medicamentos e totalmente irresponsável com a sua saúde. “Pode comer e viver de uma maneira totalmente errada, e a indústria vai dar uma pílula mágica. Eu não acredito nessa indústria farmacêutica e nem na medicina. O uso de animais não levou a nada. Não se descobriu a cura para as grandes doenças do ser humano.”

Mauricio Varallo, coordenador do site Olhar Animal e colaborador do Instituto Nina Rosa, cita ainda um caso que confirma a falácia científica da indústria que testa em animais, relembrando a polêmica do fármaco talidomida, cujo uso liberado a partir de testes animais, nos quais não causava mal nenhum, vitimou uma geração de crianças que nasceram defeituosas, com graves problemas congênitos.

Mauricio ressalta ainda que a aprovação da Lei Arouca, a qual deu respaldo à utilização de animais pela ciência, foi um retrocesso no Brasil e vai atrasar em anos a evolução dessa questão, uma vez que na Europa já está proibido uso de animais pela indústria de cosméticos e há uma série de avanços. “Mas eu vejo, por outro lado, que esse movimento crescente, como o que vemos aqui hoje, tende a esclarecer as pessoas. A gente vai ter que trabalhar muito com a informação, mostrar às pessoas não só os aspectos éticos, que são fundamentais para a defesa animal, mas também a falácia científica. As pessoas tomam a ciência como tomavam a religião, consideram as informações da ciência como dogma, e basta pesquisar um pouquinho para ver que isso é um engano, que há muito dinheiro, poder e erro por trás disso.”

George Guimarães, coordenador do grupo ativista Veddas, também é da opinião de que abolir a vivissecção é apenas uma questão de disseminar as informações entre as pessoas, por meio de campanhas e pressão junto ao poder legislativo – já que se trata de uma prática passível de proibição. Ele ressalta a facilidade de as pessoas absorverem a mensagem, uma vez que elas, na maioria, não são a favor da vivissecção, se chocam por causa da natureza dos experimentos e porque não têm necessariamente um apego com esta questão – ao contrário da pecuária, justificada pela alimentação.

A manifestação durou 3 horas e marcou, na história da defesa animal no Brasil, um data inédita, que se repetirá anualmente enquanto a tortura e o uso dos animais não tiverem seu fim.
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Fonte: ANDA

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artbylu@gmail.com
www.artbylu.blogspot.com

“Os animais existem por suas próprias razões. Eles não foram feitos para servir aos humanos; assim como os negros não foram feitos para servir aos brancos ou as mulheres para servir aos homens”. (Alice Walker)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

multimistura, conhece?


Já ouviu falar em "multimistura"? Essas farinhas totalmente do bem que têm salvado crianças e adultos (sobretudo gestantes) da desnutrição e de outros distúrbios? Já pudemos falar outras vezes dos hábitos alimentares, da dificuldade em transformá-los (e muitas vezes da urgência disso). Mas hoje o papo vai um pouco adiante: um amigo querido que acaba de chegar do Timor Leste, onde esteve trabalhando nos últimos três anos, me conta que, com a multimistura brasileira que chegava lá na região onde viveu, crianças e jovens que tinham distúrbios de aprendizagem simplesmente não têm mais nenhum, e eles "só" cuidaram da alimentação!

Em breves linhas, digamos que, como são caríssimos os farelos e outros complementos vitamínicos vendidos pelas corporações, o jeito foi apostar na multimistura de cultura orgânica, reproduzível em qualquer comunidade. Aposta certa! Distúrbios alimentares e escolares, na mesma mão, resolveram-se. Rapidamente, a baixo custo.

E as sincronias ou sintonias são assim, suaves... logo depois de um cafezinho com broa de prosa com esse amigão, recebo um email me sugerindo os vídeos que estão aí. Imperdíveis. Sobretudo o 3 e o 4. São toques ótimos, simples, às vezes até nos dizem o óbvio - mas é aquele óbvio que precisávamos mesmo ouvir, sabe? Pegue lá umas castanhas, um chá ou um suco e bote pra rodar...









Além da curtição enorme que é cozinhar, sentar à mesa, saciar a fome, comer é mesmo coisa séria, não é não?

terça-feira, 20 de abril de 2010

purê de mandioca no forno


Ontem foi dia de festejo ou, se preferirem, foi certamente dia de comemoração, quer dizer: de co memorar, de lembrar junto. Pra mim, foi dia de lembrar que “apesar da minha roupa, também sou índio”! Graças!

Sendo assim, acho que em vez de falar longamente sobre isso, vou propor que façamos o que de mais sagrado nos ensinam os índios, desde sempre: vamos comer e dançar, que, afinal, a consciência esclarecida não é feita só de palavras e livros, como creem alguns (por incrível que pareça...). Pra quem já está desperto, esse esclarecimento vem de todos os lados e tem a ver sobretudo com o modo como nossos corpos dialogam com o mundo.

Então, vou ouvir “Todo dia era dia de índio”, com aquela ginga maravilhosa de Jorge Ben Jor (Salve Jorge!) na voz deliciosa de Baby do Brasil...



... enquanto faço este purê de mandioca no forno:

Vou usar

• tenho quase um quilo de mandioca, acho
• 2 ovos (de galinhas felizes, claro!)
• 2 colheres de sopa de ghee (se não tiver, mande ver na manteiga mesmo, pode usar 1 colher só)
• ½ xícara de chá de restinhos de cenoura, espinafre e manjericão que pus no processador (use os restinhos que tiver: um elã)
• 1 xícara e ½ de chá de leite fervendo (uso em pó, desnatado; mas pode ser outro, desde que seja leite mesmo, se não, fica muito mole)
• sal marinho (o suficiente pra não ficar insosso – ai, adoro esta palavra!)
• fatias fininhas de queijo minas padrão (pode ser mussarela, por exemplo, ou uma mistura de tipos de queijo...)

O que vai acontecer

Vou cozer um pouco a mandioca, só pra ela poder ser batida no liquidificador, onde, aos poucos, acrescentarei nesta ordem: as gemas dos ovos, o ghee, os leguminhos processados e o sal misturados no leite, por último, pra batida final, as claras.

Por fim, é espalhar parte dessa linda massa num pirex, pôr um pouco do queijo (como um recheio mesmo, e aí dá pra inventar de pôr outras coisinhas... hummm, uns tomatinhos...), pôr o resto da massa sobre esse recheio, de novo uma camada de queijo – e forno no cara!

Acho que leva uns 30 minutos. A relação entre os ingredientes efetivamente usados e o tipo de forno faz esse tempo variar, né? No mais, advirto só que é preciso tomar cuidado com os legumes envolvidos, sobretudo no recheio: se usamos alimentos que soltam bastante água (tipo: uma abobrinha ralada, os tomatinhos...), é bom reduzir um pouco a quantidade de leite.

Como lanche da tarde, com um suco de sabor intenso, fica bem bom, heim?!
Mas certamente vale pro almoço, pro jantar, pra uma ceia (sim, há fomes noturnas implacáveis!). Mandioca é uma delícia, né? E alimenta que é uma beleza, conforta, sacia, alegra.... totalmente "comida de mãe".

domingo, 18 de abril de 2010

conservar bananas


Semana passada aprendi uma coisa muito bacana com uma vizinha: como consevar bananas, essa iguaria tão comentada aqui dia destes.

É um alimento muito nutritivo, fartamente encontrado, em geral de preço bem acessível (e que alguns têm a sorte de ter no quintal!), utilíssima pra quem precisa repor potássio, etc. etc. A banana, oh, banana, que de tantos tipos há.

Pois eis a tal da dica para tê-la na fruteira numa boa, dica excelente sobretudo para os que moram sozinhos e vivem tendo problemas com estoque e conservação de alimentos frescos - o que muitas vezes vai dar em duas coisas terríveis: evitam-se esses alimentos, preferindo-se os processados ou, virou, mexeu, joga-se fora o que não foi possível consumir a tempo...

Reproduzo, a seguir, o que minha vizinha mandou por email. Não sei de quem são as fotos, quando souber, dou crédito; enquanto não descubro, partilho o procedimento - descoladíssimo!


COMO CONSERVAR BANANAS POR MAIS TEMPO

Testado e aprovado...
Quando comprar bananas, chegue em casa e corte todas da penca, da forma como foi cortada nas fotos - use tesoura ou faca - e evite 2 problemas:

1 - os mosquitinhos;
2 - a deterioração da ponta.

Normalmente a banana madura se separa da penca até mesmo pelo peso.

Quando isto acontece, ela começa a melar aparecendo aqueles mosquitos de fruteira, além de oxidar e estragar mais rápido.

No dia seguinte ao corte, a banana já esta com a ponta seca e fechada, conservando-se íntegra por uma semana.

A última foto mostra a banana madura com 1 semana, bem preservada e com a ponta parecendo um umbigo seco.
Eu recomendo, vale a pena e não atrapalha em nada o amadurecimento.

No final do email, citava-se Cora Coralina - que era uma cozinheira daquelas! Maiúscula. Sabidíssima das coisas da vida:  

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Quem planta o quê?


Um outro mundo é possível. Estou certa disso.
Quanta gente não tem dormido toda noite e acordado disposta pela manhã por acreditar nisso? Quantos não têm perdido o sono e levado uma vida duríssima por não acreditar nisso? E quantas pessoas repetem o slogan pretendendo participar de um mundo – esse outro possível – que na verdade temem e que, no fundo, não gostariam nem de ver como será? 

Esse novo mundo não está pronto. Perdoem-me pela tautologia... mas é preciso lembrar disto sempre: nós é que podemos construí-lo, a possibilidade desse outro mundo está nas nossas ações, nas miúdas de todo dia, e nas grandes, a cada interpelação da história.

A boa notícia é que há daqueles que acreditam pra valer, e esse valor maior – de construção solidária – é por eles cultivado a cada hora, em cada ato. São os que estão na luta de verdade, pensando firmemente naquilo que mais nos importa a todos: viver com qualidade.

Esta cozinha recebeu, hoje, um chamado pra uma breve reflexão sobre como construímos essa possibilidade, essa novidade imensa que, entre muitos de nós, já é uma realidade nascente, ainda que em meio a muita incompreensão, adversidades e até mesmo (ainda, a esta altura!) uma repressão massacrante. Deus abençoe os que lutam para que todos nós tenhamos uma vida melhor! Deus nos ajude a cessar o que atrapalha essa luta! Deus nos ilumine pra que sintonizemos com o movimento que é vida! Amém, amém, amém.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

saladas secas


As chamadas saladas secas são, em geral, só folhas temperadas com algum ingrediente não-úmido, destinadas a servir de acompanhamento a algo mais molhadinho. É o caso dos risotos. Foi o caso por aqui neste fim de semana. Fizemos um risoto de espinafre – conto depois – e uma saladinha destas.

É básica toda vida, mas resolvi falar dela hoje porque a amiga que veio comer conosco não conhecia "o truque", e falamos bastante disto: há saladas que são prato principal, outras são complemento, outras acompanhamento... Esta é um acompanhamento bem sutil. Mas, que não se enganem os que não são apreciadores das folhas (sim, existem não apreciadores de folhas!), sutileza não é falta de presença. Ao contrário, é aquela presença na medida, que, no caso do nosso risoto, deixou que ele falasse mais alto e límpido.

Folhas: muita alface, fiapinhos de acelga, algumas folhinhas de manjericão fresco. Uma proporção 3:1:1. A acelga, como disse, cortada feito fiapinho; alface e majericão picados na mão, em pedaços mais pra miúdos (mas não esfarelados, precisamos de superfície pro tempero seco).

Importante!
As folhas devem estar secas, se não, não “pegam” o tempero, mesmo que ele “grude” nelas.

Aí é só ralar um limão nos buracos mais fininhos do ralador e/ou uma lima da pérsia (eu tinha!), misturar bem as folhas com dois garfos e gestos leves, pra não macerar nada.

O último passo é, num processador, esfarelar alguma castanha – eu usei do pará. Neste caso, acho melhor não juntar muitos tipos de castanha, evitando sabores mais exigentes, dado o papel coadjuvante pretendido para a salada.

Daí é misturar de novo as folhas. Já está.

Junto com o risoto, marcou presença refrescante sem lhe roubar a cena.

E quem quis acrescentou um bom fio de azeite na hora. Hummm...





Pra beber, água aromatizada com manjericão, que é bem digestiva (ficou umas 2 horas aromatizando).

De sobremesa, caquis e carambolas

quinta-feira, 8 de abril de 2010

pasta de grão de bico

 
Acaba de sair um sol lindo aqui! Deus é pai! Porque, além do bolor no corpo, há o bolor nas almas, e tragédias… como as de Niterói, que têm a ver, claro, com uma chuvarada a mais, mas, o que é pior, têm a ver com o modo como administrações sucessivas têm (des)tratado a problemática da moradia.
Por isso me chateiam imenso as críticas barateadoras de iniciativas mais recentes; insuficientes, talvez, mas inéditas, inéditas sobretudo no enfrentamento efetivo dessa problemática. Sempre que ouço comentários tão sucintos quanto irados, me pergunto: será que essa pessoa (muitas vezes um formador de opinião, um jornalista...) sabe do que está falando? Porque não parece. Uma das urgências urgentíssimas que há no mundo todo, bem sabemos, é mudar o modo de ranquear os lotes das cidades conforme lógicas excludentes, especulativas, predatórias - do que resultam, entre outras calamidades, ocupações em locais evidentemente arriscados.
Em todo caso, acho que há cada vez mais gente de boa vontade olhando pra isso a sério, e acredito na força do que virá pela frente, fruto dessa vontade maior. Assim, solidária com os moradores do Rio e de Niterói, e acreditando que quem não está sabendo muito bem como pensar sobre o ocorrido deve tentar ir além dos mass midia típicos, sugiro aqui uma reflexão, que está no blog da arquiteta Raquel Rolnik.
No mais, segue a receita da pasta de grão de bico enviada por minha tia querida (querida toda vida!), que morou mil anos em Niterói e ainda vive ali pelos arredores. Fiz ontem e já acabou, antes da foto. Na verdade, não estive muito com espírito pra fotografar... Mas vejam lá que delicinha, reproduzo como ela mandou (segui à risca).
2 xícaras de grão de bico
2 colheres de tahine (creme de gergelim)
4 colheres de azeite
suco de 2 limões
1 dente de alho amassado
cheiro verde picado fino
azeitonas picadas bem miúdas
2 colherinhas de sal
pimenta síria

Deixe o grão de bico de molho na água morna por quatro horas.
Depois junte uma colherinha de sal e leve para cozinhar, até ficar macio,
soltando a casca.
Depois de retirar as cascas e já frio, usa-se o mixer, liquidificador ou
processador para triturá-lo, colocando uma xícara da água em que foi cozido
e o dente de alho cru
Em seguida, juntar o creme de gergelim, o azeite e o suco de limão, misturando novamente.
Colocar o restante do sal, colocar as azeitonas e a pimenta síria.
Por cima, o cheiro verde e regar com azeite.
Servir com pão sírio.

P.S.- dura bastante tempo na geladeira, fechadinho, e quando for servir de novo, acrescente cheiro verde fresquinho

O PS 2 fica por minha conta: se sobrar, aposto que dá pra fazer bolinhos e fritar, como se fosse faláfel. Aliás, é um modo de fazer faláfel, sim. Oba!

sábado, 3 de abril de 2010

reciclado de legume


Sábado de Aleluia. Embora a chuva lá fora seja daquelas sem fim, há uma alegriazinha neste dia. Eu não sou muito fã de malhar o Judas, definitivamente a pancadaria não está em mim... Mas acho bonito demais pensar que há motivo para crer na ressurreição que virá, no sentimento de renovação do que vive, na transmutação do que pulsa.

Então, nosso almoço hoje foi simplinho, em família, como se diz, mas cheio de delícias: o feijão do Rixá de quinta-feira virou um virado – conto outro dia como foi isso. E a sobra da abórbora cavucada que vinha vindo desde lá, também virou outra coisa: um delicioso reciclado.

Então, foi arroz novo (que sempre é gostoso toda vida quando acaba de fazer, não é?), virado de feijão carioca, salada de folhas sortidas (alface, radicchio, acelga, manjericão – todas rasgadinhas em pedaços pequenos – mais os ralados: uma cenoura grande, dois rabanetes e meia cebola crua, tudo regado a bom azeite) e o tal reciclado de legume; neste caso, abóbora fundamentalmente. É uma receitinha básica que pode ser feita com batata, batata doce, beterraba, cenoura... Até onde eu sei, para o momento. Quem sabe onde essa lista pode dar?

Fiz assim:

- num pirex que vai ao forno, pus gergelim branco e alguns pedacinhos da abóbora, com casca e tudo (ela já estava temperadinha etc., certo? Qualquer coisa, veja lá.);

- no liquidificador, pus:

o  ½ xícara (de chá) de óleo de arroz (mas pode ser outro);
o  ½ xícara (de chá) de farinha de aveia ou aveia em flocos;
o  ¼ xícara (de chá) de farinha de trigo branca;
o  uma cebola média;
o  um dente de alho gordo;
o  sal a gosto;
o  pimenta a gosto (eu pus pouquinha, pimenta árabe)
o  3 ovos – pequenos, saudáveis, de galinhas felizes;
o  a abóbora em pedaços, com casca e tudo (eu tinha uns 300g);
o  uma arvrinha de couve-flor que tinha sobrado de outro dia;
o  uns pedacinhos de cenoura cozidos também sobrados.

Bati tudo isso bem, aos poucos, procurando garantir uma massa mais homogênea, densa, cheirosa.

- acrescentei cebolinha fresca (eu sempre ponho um monte, porque adoro);
- uma colheirinha (de café) de fermento em pó. Mas se não tiver fermento em casa, ok, também dá certo, só fica mais “socadinha” a massa.

Bati tudo isso um pouco mais, com a paciência e as manobas exigidas pela máquina: tive de parar de vez em quando, remexer a pasta pros pedaços maiores irem pro fundo... enfim, fui ajudando o liquidificador.

Por fim, distribuí a massa no pirex, e pode ser 20 minutos de forno só, pois os legumes já estão cozidos, vêm de outras refeições. Em todo caso, se você gostar de uma casquinha por baixo, pode deixar de 25 a 30 minutos – eu deixei. O fundo e as bordas ficam crocantes. Bom demais! Mas, atenção, é preciso perceber o ponto de tirar do forno, pra não queimar.

Por cima, salpiquei um queijo meia-cura ralado.
Olha só que carinha boa!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

feijão do Rixá


Antes de mais nada, declaro meu luto: Pedro Alcântara de Souza, presidente da Federação da Agricultura Familiar (Fetraf), foi assassinado ontem à noite por pistoleiros, na região de Redenção, no Pará, quando andava de bicicleta com sua mulher...
Agora vamos a uma homenagem: feijão do Rixá
A princípio, é um feijão recomendado “para solteiros e apressados”, nas palavras de Rixá,  autor da receita, “mas agrada toda a família”, diz ele. Acrescento: e pode ser degustado lentamente – como fizemos por aqui.
Segundo o Rixá, há passos decisivos e sacadas intermediárias, descrevo-os conforme instruções recebidas:
Primeiro passo: verter um fio de óleo na panela de pressão, ligar em fogo bem baixo; descascar uma cebola média, cortá-la em 4, panela nela.
Segundo passo: descascar 3 dentes de alho gordos, fatiá-los grosseiramente (não precisa ser fininho), panela nele.
Mexer de vez em quando, pra não queimar.
Vá lavar o feijão.
Acrescentar o sal nesse refogado só agora, se não ele queima.
Terceiro passo: feijão escolhido e lavado, usaremos a proporção 1:2, ou seja, uma medida de feijão para cada duas de água. ATENÇÃO: neste momento, jogar só o feijão na panela – a água entrará depois.
Aumentar o fogo pra médio.
“Fritar” um tiquinho o feijão, sempre mexendo.
Acrescentar só nesse momento (isso é importante!) a pimenta a gosto - usamos pimenta caseira, feita com dedo-de-moça, mas todas as pimentas vermelhas estão valendo.
Quarto passo: pôr só metade da quantidade de água prevista e deixar ferver uns 5 minutos no máximo; acrescentar, depois, o restante da água e fechar a panela de pressão.
Se a panela for boa, em 15 minutos já está. 
Delicioso!
Com arroz, abóbora cavucada e uma salada de acelga e girassol, ficou demais de bom. Como não ficaria?!