sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

bolinhos num dia corrido...



... porque têm sido assim os dias das pessoas todas. Se forem perguntadas sobre a razão de tanta correria, saem enumerando afazeres que sempre vêm com cara de coisas sérias, importantes, impostergáveis, imprescindíveis.

Duvido um pouco disso. Dessa lista de importâncias sem hierarquia, que soa tão inquestionável. Frequentemente troco essa resignação da lista de afazeres por uma indignação. Claro que dá trabalho ficar indignada e, então, tentar mudar isso, me mexer de um jeito que não seja essa “óbvia” participação no “mundo de hoje”. Mas não creio, pelo que vejo à volta, que dá menos trabalho resignar-se.

Repetir mantricamente as razões da correria não alivia, não explica nada, não dá sentido à vida, só uma autorização pessoal e social pra continuar correndo. Esquisito. Eu acho esquisito.

Bem, mas meu dia está corrido, e não vou enumerar razões. Vou só contar o que deu pra fazer em uma hora.

Na primeira meia hora, peguei todos os legumes e folhas que vieram sobrando em potinhos na geladeira, inclusive o arroz, bati com ovos no liquidificador.

Primeiro bati um pouco as sobras, vi que chegava ali pela metade do copo do liquidificador, experimentei, achei que dava pra acrescentar uma pitada de sal e uma cebola (vamos assar bolinhos, e a cebola aromatiza tudo deliciosamente quando vai ao forno) e acrescentei, então, 2 ovos. Bati na velocidade 5 do meu aparelho novo, que bate até bolo. Minha mãe me deu esse superliquidificador de aniversário. Chique!

Daí fiz bolinhas dessa massa de legumes e verduras na palma da mão, passei as bolinhas num prato com farinha de milho flocada, depois num outro prato com mais 2 ovos batidos à mão, depois na farinha de milho de novo.

Ajeitei as bolinhas numa assadeira – forno médio, de 15 a 20 minutos.

Enquanto as bolinhas assavam, fiz um arroz novo. Um arroz preto.

E piquei um pouco de alface americana, que juntei com cubinhos de tomate sem semente e sementes de girassol cruas. Azeite, limão e tomilho (em pó) ficaram num potinho à parte, pra quem quiser temperar a salada.

Já está. A outra meia hora foi comer as bolinhas que viraram bolinhos (regar com um fio de azeite extravirgem logo que sai do forno fica bem gostoso), arroz preto e salada.

Agora é fazer um café, olhar os emails e seguir trabalhando até as 19h, quando começo a me arrumar pro festejo à noite: é fim de ano, e começa um trancetê danado de gente que sai em viagem, gente que chega de viagem, e a cozinha vai ficar cheia dessa gente contando como foi 2009 – alguns, parece, têm reclamado (mas ainda não entendi muito bem de quê), outros têm, apesar da correria, achado que há motivos pra celebração, pelo menos aqui no Brasil, onde a vida de muita, muita gente andou melhorando um bocado. Eu estou na turma que quer fazer o brinde: tim-tim!

Um comentário:

  1. Que bom que ainda tem gente com o poder de paralisar a correria, que entende que viver não significa deixar de pensar sobre a administração de nosso tempo. Que viver bem é muito melhor que apenas viver! Claro, porque à viver não nos resta outra alternativa. O que mais é possível ? A morte não entra na categoria lógica das opções, pelo simples fato de não permitir elementos futuros de comparação. Então, uma vez na vida, só nos resta viver. E, viver ou viver bem, cabe a nós escolher.
    E, como é bom viver e falar (ou escrever) sobre comida. É quase tão bom quanto comer e falar sobre comida. E, tudo isso é ainda melhor quando sabemos que tem mais gente vivendo essas possibilidades, que mais gente fala sobre comida por seu prazer, e não pela falta dela...

    Luciana, definitivamente, esse seu blog é o máximo.

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