quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

massinha básica pra quem está triste




Hoje estou tristíssima, e não é bom cozinhar assim.

Abandonaram, mais uma vez, oh céus!, um cão velhinho. É muito, muito, muito complicado julgar desconhecendo as razões de quem fez isso, eu sei... Mas, pela frequência com que isso acontece e pelas estratégias que já vi sendo postas em curso, dá pra registrar, sem risco de ser injusta, a perplexidade diante do mal que temos sido capazes de infligir aos bichos.

Nem vou começar a falar em granjas ou em galos de briga.

Ovos, só caipira, os das galinhas felizes – que são menores, de cores mais vivas e dão melhor liga nos suflês, por exemplo. Quanto às rinhas... as dos galos, as dos pitbulls e toda a loucura de querer ver sangue, é tudo muito parecido com esse desprezo do abandono... Um horror supremo. Uma inacreditável falta de humanidade. E o agravamento de problemas de saúde pública nas grandes cidades etc. etc. Um horror!

Quando a gente está assim, com esse tipo de tristeza – que é uma profunda dificuldade de acreditar no quanto somos capazes de violar a vida, nós, os humanos –, é melhor não fazer nenhum prato novo, ou seja, o negócio é requentar, no máximo dar uma incrementada no que já está na geladeira, vindo de outros dias, os pedacinhos de refeições anteriores. Tirar dos potinhos plásticos e colocar em tigelas bonitas já dá uma carinha bem boa pro “soborô”, como se diz.

Se não tiver nada na geladeira, você dá conta de produzir uma refeição com uma boa massa pronta, um molhinho de tomate orgânico bem curtido em fogo baixo (acrescentando um copo de água e deixando ali por meia hora, com uma mexida ou outra de vez em quando, panela destampada), um bom queijo ralado (o branco, o padrão ou o meia-cura ficam uma delícia), mais umas folhinhas de rúcula ou agrião salpicadas nos pratos, por cima ou em volta da massa.

Se tiver um tomatinho cereja, então, é só cortar em metades e fazer um círculo em cada prato, regar com azeite extravirgem e pronto!

Se a ideia for evitar farinha de trigo branca, há massas secas de farinha integral muito boas e, para além desse universo clássico, há massas secas feitas de farinha de arroz, de farro ou de milho – uma mais gostosa que a outra! Vale a pena ter na despensa.

No fim das contas, pra dar um toque, acabei picando também em metadinhas umas amêndoas. Amêndoa é uma coisa santa! Acrescente-as sempre no final da receita, pra ficarem crocantes e preservarem seus melhores nutrientes. Neste caso (de uma massinha rápida), misture-as à massa só no final, antes de jogar o molho por cima de tudo.

Na verdade, é bom que se diga: quando bate assim uma tristeza destas (porque há outras tristezas, né?), o melhor é comer coisas mais quentinhas, cozidas, consoladoras. O que é cru e frio pode exigir demais de quem está com o coração em frangalhos.

Bem, vou afagar os bichos aqui de casa e acender uma vela pro cãozinho; haverá luz na trilha dele, haverá quem tenha um quintal que possa recebê-lo. Já sabemos onde está a força que pode vencer o desamparo e o abandono: adotar é tudo de bom!

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