sábado, 12 de dezembro de 2009

iogurte com mostarda e creme de melão



Ontem amigos vieram desperdir-se: vão pra Bogotá, passar natal e ano novo com parentes e amigos de lá. O encontro tinha, então, uma cara de “festas de fim de ano”.
Gosto muitíssimo disto que é um período de semanas (antes do natal) em que as pessoas se encontram pra falar de como foi, de como será: balanços, lembranças, esperanças, planos... Tudo isso regado a boa cachaça, envelhecida no carvalho, fica com uma cara de ritual de passagem. Um fraterno ritual. Um vero ritual.

Mas, como eu dizia no outro post, o dia ontem foi corrido, e quando os amigos chegaram, o que pôde acompanhar a boa (e forte!) cachaça foram amêndoas (sempre elas, uma espécie de default dos petiscos domésticos) e filetes de pão sueco pra mergulhar no iogurte com mostarda. Fica muito bom! Pra acompanhar cerveja também, e uísque, e vodca...

Iogurte com mostarda: um copinho de iogurte natural consistência firme; duas fartas colheres de sopa de mostarda (com ou sem sementinhas, com ou sem pimenta, dá pra variar); um fio de azeite extravirgem. Aí é só mexer um pouco – não muito, nem rápido, porque isso faria o iogurte perder consistência. Os gestos, na cozinha, fazem toda a diferença!

Daí saímos, rimos, e tudo teria sido perfeito não fosse uma das pessoas, com raivas amordaçadas, destemperar-se com outra, criando aquele constrangimento típico de uma intimidade mal resolvida posta na roda errada... Ai, poucas coisas me deixam tão sem rumo quanto pito público de marido! É tão grosseiro, tão desrespeitoso... Mas vá lá que a vida tem disso, e os destemperos hão de se acertar.

Ainda bem que um dos convivas soube, depois do inevitável silêncio atônito de todos, perguntar da cerveja, se ainda tinha, e era uma Nortenha, deu assunto sobre o Uruguai, e tudo ficou simpático de novo.

Dormimos tarde, acordamos tarde, e o almoço vai sair sabe deus a que horas.

Por isso, deixo hoje o registro de uma iguaria que fiz pela primeira vez ontem, e que serve tanto de aperitivo quanto de sobremesa (pra nós, ontem, foi pós-café, como um digestivo, quando voltamos pra casa): creme de melão. Tem que ser melão pele de sapo (aqueles verdes, que têm mais massa/menos água do que os amarelos).

Creme de melão: é pôr no liquidificador um melão pele de sapo (pode-se cortar bem rente à casca, aproveitando-se o máximo da polpa); um tico de mel (pouco, a ideia não é ficar doce-doce, só adocicado) – bater um pouco, só pra desfazer os pedaços. Se o liquidificador for daqueles que exige líquido pra começar a bater, põe-se pouquíssima água no fundo, só pra ajudar a hélice.

À parte, derretem-se dois pacotinhos-padrão de gelatina incolor (nem sei se precisava dizer, mas... a “gelatina” de que falo é agar-agar, que é muito mais saudável do que produtos de origem animal, que provêm daquele sofrimento todo que a gente já sabe como é... credo!). Importante: é preciso usar quase o dobro da quantidade de água sugerida para a dissolução, pois a ideia é ficar cremoso e não durinho – como era o caso da mousse de manjericão de que falei outro dia.

Por fim, o toque sensacional: num gesto lento, fazendo um círculo em sentido horário, verte-se uma parcimoniosa quantidade de água de laranjeira sobre o creme. É um aroma que ressalta as qualidades do melão. Antenção: não pode ser o aroma-solo, ele vem pra ser o espírito do prato. Mexe-se suavemente, só pra misturar os ingredientes, e serão pelo menos 2 horas de geladeira pra chegar à textura mais gostosa.

Nos dias quentes, servir em potinhos antes da refeição é legal: abre o apetite.
Nos dias quentes, servir em potinhos depois da refeição é legal: ajuda na digestão.
Versão “hard”: com sorvete de creme fica uma loucura!

2 comentários:

  1. Oi Lu, que delícia de blog. Delícia pelas receitas, tão originais e leves, delícia pela sua narrativa tão...sei lá, uma mistura de delicadeza com um pouco de jeito mineiro e uma pitada de puro deleite. O tempo na sua cozinha é do tempo em que não havia relógio. Já está no Favoritos. bjo Paula

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  2. Sou prova viva de todas essas gostosuras. A propósito, hoje bateu uma alegria encontrar um potinho na geladeira com o tal creme de melão...

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